Estamos prestes a terminar o ano mais quente dos últimos 125 mil anos. Nos últimos dias, as altas temperaturas têm influenciado negativamente o cotidiano de uma grande porção da população, principalmente aquela que passa a maior parte do dia nas ruas, longe dos espaços climatizados. O excesso de calor tem distintas fontes, entre as naturais e as catalisadas pelo homem, e com um futuro nada promissor em relação a este tema, é necessário buscar por medidas de forma estrutural para combater o modo como ele pode agravar a saúde da população.
Em entrevista ao G1, a professora da FAUUSP e pesquisadora do Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética, Denise Duarte, destaca a possibilidade das prefeituras instalarem os oásis urbanos em diferentes locais da cidade. Estes espaços serviriam como pontos de combate ao estresse térmico que o calor gera àqueles que estão no espaço público - não somente pessoas em situação de rua, que já se encontram em situações mais vulneráveis, mas também de pedestres que passam horas em trânsito entre o ir e vir do trabalho.
Segundo a professora, num projeto ideal, o oásis urbano é um espaço sombreado - preferencialmente por árvores - que oferece um mobiliário adequado para o descanso das pessoas e o acesso à água potável fornecida pelo poder público. Este local serviria para as pessoas conseguirem amenizar os efeitos das altas temperaturas no corpo e poderem voltar a circular com mais conforto pela cidade.
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Não existe justiça climática sem justiça racialPara que o oásis urbano seja eficiente é fundamental pensar sua acessibilidade para oferecer serviços a todas as idades, podendo ir além do seu objetivo inicial e se tornar também um espaço de lazer diante da dureza urbana. Para isto, é fundamental que o projeto seja sempre integrado ao planejamento urbano e consiga aumentar a qualidade dos espaços públicos da cidade, colaborando com a qualidade de vida de seus cidadãos.
Num mundo onde as consequências do racismo ambiental são vistas de forma cada vez mais violenta e desigual, pensar espaços que ajudam a combater o estresse térmico e tragam o mínimo de dignidade para todos é um modo de tornar a cidade mais acessível para cumprir com o seu papel democrático.